sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Livros em Baixa

Por Ramayana Torres.

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As vendas em baixa fazem o mercado editorial brasileiro viver momento difícil. O não consumo quem constata é a Câmara Brasileira do Livro. Ano passado, foram vendidos 289 milhões, um milhão a menos do que em 2007 e 2008 e o poder público adquiriu quase a metade do que foi editado.

É desanimadora a constatação de “que se lê muito pouco no país”, um apelo, brasileiros leiam.

Alguns tolos dizem que é porque a maioria da população é carente.

Sabe-se que a população carente se encontra privada não apenas do acesso às livrarias e boas bibliotecas como de qualquer outro veículo de leitura. Porém, grande maioria possui computadores com internet ou têm como acessar fora de casa. A internet também está aí pra isso (ler) e não somente para desbravar o Orkut e ou twitter.

Temos trabalhado para ajudar no desenvolvimento crítico e social dos leitores, mas, constatamos que sem bibliotecas e sem facilidade de acesso ao livro retardamos a formação do público leitor e o resultado dessa ausência de espaços sociais onde se possa ler. De urgência deve-se investir em educação e na formação dos professores. Porém, o assunto que está em ênfase é o mercado editorial brasileiro, hoje, praticamente, todo na mão de empresas estrangeiras e então fica fácil constatar para onde segue o lucro com a venda de quase 300 milhões de livros. Contudo, é certo, é cada vez menor a parte que fica aqui no Brasil.

Na lista dos mais vendidos, 17 em 30 eram traduções. “Um artigo de Lucas Carvalho fala que pelo menos das obras em destaque somente 10 são do Brasil e que das sete maiores editoras cotadas, cinco são de fora”. E com recursos, editora alemã pôs no mercado um milhão de exemplares do mais recente livro de Gabriel Garcia Marquez. No Brasil, as tiragens dos campeões de venda não chegam a 50 mil cópias.Foram feitas grandes estratégias de propaganda que garantem aos autores estrangeiros a atenção da imprensa, de editoras brasileiras e de consumidores ávidos por sucessos internacionais.

Em Belém a situação é igual à nacional com a proporcionalidade que se deve observar, obviamente. Podemos dizer que é até pior, pois aqui, além de não termos editores, possuímos uma pequena indústria livreira, a média das tiragens é de um mil exemplares, e essa é uma das razões de não se encontrar livros de autores paraenses.

Pra nós, aqui no Pará, é fácil a dedução com a ausência de obras de autores locais e a agravante: aqui o autor tem que pagar do seu próprio bolso pela leitura de suas obras e realizar as demais tarefas além da divulgação, distribuição, etc.

O que podemos fazer? Continuar resistindo e reivindicando mais bibliotecas, programas de incentivo à leitura, livro subsidiado e acesso fácil ao livro, uma ajuda?e a quem?

É preciso que todos trabalhem na promoção do leitor e da leitura, do contrário, a estatística que diz ser a aquisição do brasileiro de livros por ano, cairá cada vez mais, enquanto a do francês que compra mais de sete livros por ano, vai continuar subindo; e a do paraense, que não tem nem registro, desaparecerá. Até soa estranho, parece que não damos tanto valor ao que é nosso...

E em meio a esse conturbado período o escritor e poeta Ruy Guilherme do Carmo, foi premiado com livro que escreveu e tem por título: “Canoa de sonhos”. Realmente há um sonho. Que exista um rio de palavras, conseqüentemente de livros para esta canoa pairar.


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